3 de novembro de 2009

A Crença

Ascenção tem 58 anos e é viúva. Sempre foi muito católica, ia todos os Domingos à missa, reza um terçozinho diário à sua Santa, e difundia a palavra do seu Criador; no entanto com a morte do marido, Ascenção tornou-se uma "addicted" da fé.

A Igreja dá-lhe a esperança de um dia voltar a encontrar-se com o seu Afonso, marido que amava muito, e continua a amar.

Imensas são as missas em alma do seu falecido, de forma a que não haja problemas com a entrada da sua alminha no paraíso, não vá S. Pedro "embirrar" com algum pecadito cometido em vida.

Para um observador, pode ser a maior idiotice: tempo, dinheiro, tudo perdido, para cumprir desígnio de uma Igreja com doutrina envelhecida, editada por um conjunto de Padres no Concílio de Niceia.
A perspectiva do observador pode ser um facto, e Ascenção já pensou nisso, já muitas vezes questionou a veracidade do seu Deus, mas a verdade que esta perda de tempo e dinheiro (a comprar as missas) aconchega-lhe a alma, é um calmante, uma espécie de comprimido, que afasta a ideia de morte do falecido e fortifica a sensação de estarem sempre juntos.

Fé. Até que ponto uma escapatória? Deve um sujeito submeter-se a uma fé, só para se entir amparada nas dificuldades? Isso não é o mesmo que fecharmos os olhos a tudo o que nos rodeia e que nos perturba? Só para que fiquemos tranquilos da nossa consciência?

1 comentário:

taniah disse...

A Fé é como qualquer outro Vício durará até ao dia em que não tens mais nada dentro de ti, até ao dia em que te tornarás pó outra vez.

Eu prefiro a minha versão da nossa religião mas não deixo de ter em conta, cautelosamente, a fé dessa senhora Ascensão... Há tantas Ascensões por aí... e tanta coisa errada!...