O Velho do Restelo é segundo Camões, aquele que agoira a viagem dos portugueses aquando a descoberta do mundo novo.
O Velho do Restelo é contra a mudança, é contra a inovação, pois para ele tudo é um perigo, tudo é uma viagem sem regresso, tudo é tempo perdido; nada é vitória, o melhor é acabar logo no começo, pois as almas desgastam-se, a vida perde-se e o país sofre.
Uma colega minha diz que quando nascemos, somos todos do Bloco de Esquerda (revolucionários) e quando morremos somos todos do PSD (conservadores).
Na minha opinião, quando nascemos somos todos visionários, cheios de ideias, lutamos pela mudança e vamos contra todas as gerações anteriores, mostrando a nossa vitalidade. Os anos passam e acabamos, na maior parte como velhos do Restelo: somos contra as gerações anteriores, símbolo de uma decadência quase irreversível.
No dia 15 deste mês fiz 19 anos – sim, uma criança! – e no entanto já começo a ver o mundo com outras cores, talvez menos.
Antes o carnaval era, para mim, uma festa que nunca acabava!
Os foliões, as matrafonas, a sátira e a ironia, a bebedeira que acabava só de manhã, os 5 dias mal dormidos, uma festa que só acabava com o enterro do Entrudo!
Este ano faz frio, chove lá fora, e o carnaval já não me chama. Quero o meu sofá, uma caneca de chá quentinho – café também serve – uma boa companhia, uma manta e a TV ligada!
Não me estou a tornar num PSD, mas talvez me esteja a tornar num Velho do Restelo.
Olho para os miúdos que preferem passar a noite ao frio e à chuva, como mentecaptos; olho para todo aquele dinheiro mal empregue e penso noutras aplicações mais bem sucedidas…
Mas esta é minha visão de quem levou com mais um ano, se calhar a visão de um futuro Velho do Restelo – espero bem que não!
1 comentário:
Parabéns atrasados!
Pá tens 19 anos, aproveita enquanto as ressacas ainda não custam muito!
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