17 de fevereiro de 2010

O Velho do Restelo

O Velho do Restelo é segundo Camões, aquele que agoira a viagem dos portugueses aquando a descoberta do mundo novo.


O Velho do Restelo é contra a mudança, é contra a inovação, pois para ele tudo é um perigo, tudo é uma viagem sem regresso, tudo é tempo perdido; nada é vitória, o melhor é acabar logo no começo, pois as almas desgastam-se, a vida perde-se e o país sofre.

Uma colega minha diz que quando nascemos, somos todos do Bloco de Esquerda (revolucionários) e quando morremos somos todos do PSD (conservadores).

Na minha opinião, quando nascemos somos todos visionários, cheios de ideias, lutamos pela mudança e vamos contra todas as gerações anteriores, mostrando a nossa vitalidade. Os anos passam e acabamos, na maior parte como velhos do Restelo: somos contra as gerações anteriores, símbolo de uma decadência quase irreversível.

No dia 15 deste mês fiz 19 anos – sim, uma criança! – e no entanto já começo a ver o mundo com outras cores, talvez menos.

Antes o carnaval era, para mim, uma festa que nunca acabava!

Os foliões, as matrafonas, a sátira e a ironia, a bebedeira que acabava só de manhã, os 5 dias mal dormidos, uma festa que só acabava com o enterro do Entrudo!

Este ano faz frio, chove lá fora, e o carnaval já não me chama. Quero o meu sofá, uma caneca de chá quentinho – café também serve – uma boa companhia, uma manta e a TV ligada!

Não me estou a tornar num PSD, mas talvez me esteja a tornar num Velho do Restelo.

Olho para os miúdos que preferem passar a noite ao frio e à chuva, como mentecaptos; olho para todo aquele dinheiro mal empregue e penso noutras aplicações mais bem sucedidas…

Mas esta é minha visão de quem levou com mais um ano, se calhar a visão de um futuro Velho do Restelo – espero bem que não!

1 comentário:

troNik disse...

Parabéns atrasados!
Pá tens 19 anos, aproveita enquanto as ressacas ainda não custam muito!