10 de setembro de 2010

A conspiração dos Antepassados

Foi hoje, na viagem Lisboa-Terrinha, numa camioneta Expresso com bancos em cabedal, que terminei a leitura da semana: A Conspiração dos Antepassados, de David Soares.

Não conhecia o trabalho do autor, e comprei o livro após uma enorme pesquisa no site da Editora Saída de Emergência.
Porquê esta editora? Tambem já me questionei várias vezes. A verdade é que acabo sempre por encontrar livros de autores desconhecidos, e que me surpreendem imenso!

Este romance conta a história de como Fernando Pessoa conhece o mágico Aleister Crowley e juntos partem à procura do Filho da Lua. Misturando o Sebastianismo, com o esoterismo Crowliano, o autor mostra-nos uma Lisboa diferente, um Pessoa que não costuma ser apresentado quando se estudam as suas obras: É toda uma novidade.

Foi também uma surpresa, pois tinha uns 14 anos, quando pela primeira vez tive contacto com a OTO, uma organização que aparece na obra e teve como grande mentor a Besta 666.

Para quem estuda, ou vai estudar os poemas de Pessoa, aconselho o livro, até porque afinal a sua obra "Mensagem" pode ter muitos mais segredos do que aqueles que nos explicam no Secundário.

Próxima compra? "O Evangelho do Enforcado" do mesmo autor.

Prof. Olinda: Sei que lê o meu blog... portanto acredite em mim e recomende a leitura aos seus alunos!

1 comentário:

EUprof. disse...

Obrigada pela sugestão. Ainda não li o romance, mas fiquei ainda mais curiosa, por mo teres recomendado...e a ligação de Pessoa com Aleister Crowley tem suscitado muita polémica, de facto.
Ler coisas sobre a vida do autor é também uma tentativa de conhecer o homem para compreender a sua obra...ainda mais dada a singularidade desta figura de proa da cultura portuguesa. Mas a obra vale por si, no sentido estritamente literário. A leitura é um processo irradiante, por isso ler Pessoa é um desafio, é uma forma de partir à descoberta de novas "leituras". Interpretar os seus textos nem sempre é fácil, dada a ambiguidade das ideias e a complexidade da linguagem, devido à sua densidade mística e simbólica....
É inegável a originalidade da escrita de Pessoa, pelo seu tom dramático e pela sua capacidade de auto- despersonalização. Ele conseguiu dizer o indizível, desbravando os mistérios da alma humana. Em todos os seus textos percorre uma dor infinita (real ou fingida?) até mesmo uma perplexidade perante os desígnios da existência. Ler Pessoa é (re)descobrir o Ser na mais profunda solidão. Abrange tudo o que possamos sentir, desde a sua percepção física das coisas, algures entre o sonho e a realidade, a necessidade de transmitir a felicidade que nunca sentiu até ser capaz de viver vidas que nunca viveu. São nítidas as influências do ocultimo e esoterimo, do profano e também do sagrado transcendente, nomeadamente na MENSAGEM, onde o poeta se assume como um messias salvador da Pátria. Nesta obra, ouve-se, ao longo dos textos, um enorme sofrimento, um grito de alerta, poético e patriótico, perante o estado decadente da nação,na época, denunciando:
"Este fulgor baço da terra/Que é Portugal a entristecer."

Ora, convenhamos, o Portugal de hoje não está assim tão diferente do país que o poeta conheceu...


Fico contente por continuares a ler e por manteres o interesse
por F. Pessoa...Não sei se, na escola, exerci alguma influência nas tuas escolhas literárias...ou outras. Apenas me limitei a abrir algumas "janelas".... Agora, o percurso é teu. Podes voar!

O que a gente aprende fora da escola!

Fim do t.p.c